Tradotto in Brasile e Spagna l’articolo su Chiesa e Occidente secolarizzato

Il mio articolo pubblicato il 29 dicembre su IlSussidiario.net, dal titolo Cultura cattolica, movimenti ecclesiali, occidente secolarizzato: per una nuova stagione ha registrato un buon interesse. Anzitutto è stato pubblicato in edizione brasiliana e spagnola. Inoltre è stato ripreso e discusso da Gilberto  Borghi, Sergio Di Benedetto e Sergio Ventura sul sito Vinonuovo in un articolo intitolato Quale cultura, quale comunità, quale tradizione per l’oggi della Chiesa?

Pubblico di seguito le versioni brasiliana e spagnola.

www.ihu.unisinos.br, 11 gennaio 2023, Cultura católica, movimentos eclesiais, Ocidente secularizado: por um novo tempo. Artigo de Massimo Borghesi

Nos últimos anos, a Igreja, sob a orientação do papa, soube conter o refluxo de um movimento conservador que soprava fortemente do outro lado do Atlântico. Agora, precisamos dar forma à parte positiva contida na Evangelii gaudium, à centralidade do querigma e do testemunho.

A dialética entre cultura e práxis, entre movimentos e paróquias, entre Ocidente e não Ocidente revela três encruzilhadas nas quais se faz necessário um novo tempo na Igreja.

A opinião é de Massimo Borghesi, professor de Filosofia Moral na Universidade de Perugia, na Itália, e autor de Jorge Mario Bergoglio: uma biografia intelectual (Vozes, 2018).

O artigo foi publicado em Il Sussidiario, 29-12-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

No dia de Natal, Riccardo Cristiano publicou um artigo no sítio Formiche no qual sintetiza uma conversa que tivemos sobre o futuro da Igreja. A convite de alguns amigos, retomo aqui alguns pontos essenciais, sobre os quais me parece importante chamar a atenção.

Como é evidente, vivemos um momento particular e dramático, em que a voz do papa ressoou fortemente nos últimos meses, ao denunciar a tragédia da guerra que oprime a Ucrânia. O vigor do pontífice, no entanto, não impediu a multiplicação de artigos e de análises que concordam em sublinhar uma fase de impasse no pontificado, quase uma espécie de declínio após anos em que o projeto de renovação da Igreja, levado adiante por Francisco, havia ressoado alto e forte.

Pode-se observar que muitas dessas análises críticas provêm justamente daqueles que, antes, se opunham ao projeto reformador do papa. De fato, não há dúvida de que o modelo proposto por Francisco na Evangelii gaudium desacelerou e, em alguns casos, redimensionou aquele movimento de reação, decididamente conservador, que caracterizou a Igreja após a queda do comunismo. Um movimento que se concentrou apenas em algumas batalhas éticas, esquecendo totalmente o binômio evangelização-promoção humana, retomado por Paulo VI na Evangelii nuntiandi de 1975. Esse movimento, depois que suas referências “imperiais” Trump e Putin caíram em desgraça, parece ser menos forte hoje. As acusações contra o papa de não ser “ortodoxo” perderam força.

Mas, justamente agora, quando o vento contra a sé de Pedro parece menos violento, sente-se a necessidade de uma nova temporada, de um “salto” como escreve Cristiano, de um “caminho que traga novamente o anúncio cristão para a atualidade, para o mundo de hoje”. Para tal fim, na síntese proposta por Cristiano, eram apresentados três pontos sobre os quais a Igreja é chamada a refletir hoje.

Formação do clero e prática pastoral

O primeiro diz respeito à dialética polar entre a formação intelectual do clero e a prática pastoral. É fato que os seminários e as universidades eclesiástico-pontifícias sofrem com a falta de uma formação adequada, de um pensamento católico capaz de enfrentar o desafio de um mundo complexo e profundamente secularizado.

Depois do abandono do modelo neoescolástico, abstrato e patentemente inadequado, a Igreja não foi capaz de oferecer uma formação intelectual adequada para uma perspectiva missionária. Depois do desaparecimento dos grandes mestres que prepararam o Concílio Vaticano II, ela não foi capaz de oferecer um “pensamento católico”.

Nas faculdades pontifícias, o biênio filosófico está descolado, separado do triênio teológico. Isso não é funcional em relação à teologia, tanto do ponto de vista histórico quanto do ponto de vista dogmático. Em muitos casos, ao privilegiar orientações tendencialmente idealistas, corre-se o risco de ser antitético em relação ao realismo exigido pelo dado revelado. Não leva em conta a prioridade da realidade sobre a ideia, que, segundo Jorge Mario Bergoglio, constitui um dos princípios fundamentais da gnoseologia.

Em todo o caso, a orientação dominante na filosofia parece ser principalmente eclética, uma mistura heterogênea de autores e de correntes. O jovem estudante, que um dia deverá ser pároco e educador, obtém muito pouco com isso, nenhuma orientação ideal clara e persuasiva.

Considerações análogas valem para o triênio teológico. Também aqui vigora, em grande medida, um substancial ecletismo, uma desatenção à perspectiva realista em favor de abordagens transcendentais pouco atentas à historicidade do Fato cristão e aos valores existenciais da fé. A falta de conexão com a filosofia se reflete, por outro lado, na pobreza de um pensamento teológico que só é capaz de se dirigir aos especialistas. A teologia, desprovida de filosofia, tornou-se afônica, não possui mais pensamento e linguagens para se dirigir aos homens e às mulheres de hoje.

Por isso, impõe-se uma reavaliação geral. O pensamento teológico que tornou possível o Vaticano II exige ser aprofundado em relação ao momento atual. Caso contrário, teremos uma prática pastoral sem fôlego ideal, um voluntarismo ético condenado a se apagar. A polaridade entre contemplação e ação, que a Igreja sempre teve presente, deve ser repensada. Por essa razão, uma reforma abrangente dos estudos eclesiásticos parece ser importante.

O papa, pela sua história, tem plena consciência do problema. Em 1976, como responsável pelo Colégio Máximo de Buenos Aires, realizou uma profunda revisão do currículo dos estudos. Como nos lembra seu biógrafo Austen Ivereigh, “ele reintroduziu o juniorado (o ensino básico de um ou dois anos em artes e disciplinas clássicas) e retomou a separação entre filosofia e teologia para substituir aquilo que, em uma carta de 1990 ao Pe. Bruno, ele havia definido como ‘a mistura de filosofia e teologia chamada currículo, em que se começava estudando Hegel’ (sic!)” (Tempo di misericordia. Vita di Jorge Mario Bergoglio, Milão, 2014, p. 166).

A distinção entre filosofia e teologia fica clara à luz da dialética polar de Romano Guardini, autor muito caro ao papa. A antropologia ganharia muito com a adoção de tal modelo.

Paróquia e movimentos

Além da reforma dos estudos, outro ponto importante para dar um passo adiante diz respeito a uma segunda polaridade a se ter em mente: aquela entre paróquia e movimentos. Francisco, pela sua história pessoal ligada à América Latina, alimentar uma predileção particular pelo modelo paroquial. Ele certamente tem ótimas razões para isso. Na América Latina, como me explicava a madre geral das Irmãs Passionistas, “as paróquias são chamadas de comunidades, e cada paróquia tem várias delas, às vezes até 80-100, e outras comunidades satélites, todas pertencentes à paróquia. Cada uma tem suas próprias lideranças, formadas por leigos que coordenam a pastoral”.

Trata-se de um quadro rico e complexo, diferente do tipicamente europeu. Aqui na Europa, a paróquia raramente apresenta características tão claramente “populares”. Muitas vezes, ela se limita a missas, batizados, casamentos, funerais. Às vezes, é cheia de vida, muitas vezes é tristemente deserta. Reúne muitos idosos, poucos jovens. Aliás, não só as paróquias. Também os movimentos, que, nos anos 1970 e 1980, constituíram uma espécie de ponta de lança eclesial, evidenciam cansaço e refluxo nos últimos anos.

O papa manifestou em várias ocasiões os limites de certas abordagens excessivamente carismáticas e comunitárias, pouco atentas à liberdade das pessoas. As advertências do papa corrigem, traçam um caminho, indicam modalidades por meio dos quais o carisma dos fundadores pode ser renovado e não repetido mecanicamente. Francisco demonstrou, assim, que ainda acredita na fecundidade e na utilidade dos movimentos para a Igreja de hoje.

Nos movimentos, a dimensão “laical” da Igreja demonstrou que pode chegar a uma autêntica maturidade, a ponto de desenvolver um testemunho cristão adulto e criativo dentro das escolas, das universidades, dos locais de trabalho. Âmbitos tradicionalmente distantes do horizonte das paróquias.

A polaridade entre paróquias e movimentos, entre a dimensão familiar da estabilidade territorial e a externa dos âmbitos de estudo e de trabalho, pode, então, ser um fator fundamental de vida para a Igreja do terceiro milênio. Para isso, a experiência dos movimentos, além de ser correta, também deve ser paterna e inteligentemente sustentada pela autoridade eclesial.

Ocidente e não Ocidente

A terceira polaridade que deve guiar a presença da Igreja hoje é entre Ocidente e não Ocidente. Em relação com a América do Sul e a África, o Ocidente apresenta uma taxa de secularização decididamente mais alta. O papa, em seus anos de pontificado e em suas viagens, privilegiou justamente por isso as periferias do mundo. Não só por uma atenção preferencial aos pobres, mas também porque as periferias se mostram decisivamente mais receptivas à mensagem cristã. Assim, o “centro” do cristianismo se deslocou para as margens.

No entanto, a lei da polaridade também vale aqui. O velho mundo parece secularizado, senil em sua fé de museu, oprimido por um passado continuamente difamado. No entanto, esse não é um bom motivo para abandoná-lo ao seu destino. Onde o desafio é maior, é lá que se mede a força ou não da atratividade cristã.

Os jovens de hoje, na Europa e nos Estados Unidos, não são em sua maioria cristãos mornos. São novos pagãos que pouco ou nada sabem sobre a fé cristã. O Ocidente tem uma longa e rica história de fé, mas ela está enterrada, escondida entre os milhares de escombros da história. Para trazê-la à tona, para mostrá-la como um tesouro precioso para a existência de hoje, são necessárias as duas condições acima indicadas: uma formação espiritual-intelectual capaz de reatualizar o passado de um modo novo e uma experiência viva da fé, pessoal e comunitária, capaz de gerar testemunhos humanamente credíveis.

Desse modo, os três pares polares que mencionamos – dialética entre cultura e prática, entre movimentos e paróquias, entre Ocidente e não Ocidente – traçam um caminho que nos permite delinear o rosto da Igreja Católica no início do novo milênio. Nos últimos anos, a Igreja, sob a orientação do papa, soube conter o refluxo de um movimento conservador que soprava fortemente do outro lado do Atlântico.

Agora, precisamos dar forma à parte positiva contida na Evangelii gaudium, à centralidade do querigma e do testemunho. O tempo dos escândalos não passou, as feridas continuam e continuarão sangrando, mas a Igreja não pode se curvar sobre suas próprias chagas. Ela deve confessar seus pecados, punir os culpados, repropor o rosto misericordioso de Cristo ao mundo de hoje. Ao secularizado, em primeiro lugar.

 

paginasdigital.es, 10 gennaio 2023, Cultura católica, movimientos eclesiales, Occidente secularizado: hacia una nueva etapa (Massimo Borghesi)

El día de Navidad, Riccardo Cristiano publicaba un artículo donde resumía una conversación que tuvimos sobre el futuro de la Iglesia, titulado “Francisco, la Navidad y el futuro de la Iglesia. Habla Borghesi”. Varios amigos me han sugerido que retome ciertos puntos esenciales sobre los que conviene llamar la atención.

Es evidente que estamos viviendo un momento particularmente dramático donde la voz del Papa ha resonado con fuerza estos meses para denunciar la tragedia de la guerra que oprime a Ucrania. Un vigor, el del pontífice, que sin embargo no ha impedido la multiplicación de artículos y análisis que coinciden en subrayar una etapa de estancamiento en el pontificado, casi una especie de declive después de unos años en los que el proyecto de renovación de la Iglesia llevado adelante por Francisco resonaba fuerte y claro.

Podemos observar que muchos de esos análisis críticos proceden precisamente de aquellos que antes se habían opuesto al designio reformador del Papa. En efecto, es indudable que el modelo propuesto por Francisco en Evangelii gaudium ha frenado, y en algunos casos ha redimensionado, ese movimiento de reacción, firmemente conservador, que caracterizó a la Iglesia tras la caída del comunismo. Un movimiento que solo se ha concentrado en ciertas batallas éticas, olvidando por completo el binomio evangelización-promoción humana que Pablo VI reclamaba en la Evangelii nuntiandi de 1975. Este impulso, después de que sus referentes “imperiales”, Trump y Putin, cayeran en desgracia, parece hoy menos fuerte. Las acusaciones al Papa de no ser “ortodoxo” han perdido fuelle.

Además justo ahora, cuando el viento en contra de la sede de Pedro parece menos violento, se advierte la necesidad de abrir una nueva etapa, un “salto hacia adelante”, como dice Cristiano, un “camino que devuelva a la actualidad, al mundo de hoy, el anuncio cristiano”. Con este fin, el resumen de Cristiano proponía tres puntos en los que la Iglesia está llamada a reflexionar hoy.

El primero se refiere a la dialéctica polar entre formación intelectual del clero y práctica pastoral. Es un hecho que los seminarios y universidades eclesiástico-pontificias sufren la falta de una formación adecuada, de un pensamiento católico capaz de medirse con el desafío de un mundo complejo y profundamente secularizado. Tras abandonar el modelo neoescolástico, abstracto y claramente inadecuado, la Iglesia no ha sido capaz de proponer una formación intelectual adecuada con una perspectiva misionera. Después de la desaparición de los grandes maestros que prepararon el Concilio Vaticano II, es incapaz de ofrecer un “pensamiento católico”.

En las facultades pontificias, el bienio filosófico ha quedado desconectado, separado del trienio teológico. No va en función de la teología ni desde el punto de vista histórico ni dogmático. En muchos casos, al privilegiar orientaciones tendencialmente idealistas, corre el riesgo de resultar antitético con respecto al realismo que exige el dato revelado. No tiene presente la prioridad de la realidad sobre la idea que, según Jorge Mario Bergoglio, constituye uno de los principios fundamentales de la gnoseología. En todo caso, la orientación dominante en filosofía parece principalmente ecléctica, una mezcla heterogénea entre autores y corrientes. El joven estudiante que un día llegará a ser párroco y educador saca muy poco de útil, ninguna orientación ideal clara ni persuasiva.

Consideraciones análogas valen para el trienio teológico. También aquí prevalece, en gran medida, un eclecticismo sustancial, una desatención de la perspectiva realista en favor de indicaciones trascendentales poco atentas a la historicidad del Hecho cristiano y al valor existencial de la fe. La falta de conexión con la filosofía se refleja, por un lado, en la pobreza de un pensamiento teológico que ya no es capaz de dirigirse más que a los expertos en la materia. La teología, privada de la filosofía, se queda afónica, carece de pensamientos y lenguajes que puedan dirigirse a los hombres de hoy.

Por eso se impone un replanteamiento de conjunto. El pensamiento teológico que hizo posible el Vaticano II exige que se profundice en relación con el momento presente. De lo contrario, tendremos una práctica pastoral sin respiro ideal, un voluntarismo ético condenado a apagarse. La polaridad entre contemplación y acción, que la Iglesia siempre ha tenido presente, debe replantearse. Para ello parece importante una reforma de los estudios eclesiásticos en su conjunto.

El Papa, por su historia, tiene plena conciencia del problema. En 1976, siendo responsable del Colegio Máximo de Buenos Aires, llevó a cabo una profunda revisión del currículum de estos estudios. Como nos recuerda su biógrafo Austen Ivereigh, “reintrodujo el juniorado (la formación básica de uno o dos años en arte y disciplinas clásicas) y restableció la separación entre filosofía y teología para sustituir lo que en una carta de 1990 al padre Bruno había definido como ‘la mezcla de filosofía y teología llamada currículum, donde se empezaba estudiando a Hegel’ (sic!)” (Tiempo de misericordia. Vida de Jorge Mario Bergoglio, Milán 2014, p. 166). La distinción entre filosofía y teología se aclara a la luz de la dialéctica polar de Romano Guardini, uno de los autores preferidos del Papa. La antropología ganaría mucho asumiendo ese modelo.

Aparte de la reforma de los estudios, otro punto importante para dar un paso adelante está en una segunda polaridad que conviene tener presente: la que existe entre parroquia y movimientos. Francisco, por su historia personal, muy vinculada a América Latina, alimenta una predilección particular por el modelo parroquial. Sin duda tiene óptimas razones. En América Latina, como me explicaba la madre general de las hermanas pasionistas, “las parroquias se llaman comunidades y cada parroquia tiene varias, a veces hasta 80-100, y otras comunidades satélites también pertenecientes a la propia parroquia. Cada una con sus propios liderazgos, formados por laicos que coordinan la pastoral”.

Se trata de un cuadro rico y complejo, diferente al típico europeo. Aquí la parroquia rara vez presenta características tan claramente “populares”. Suele limitarse a misas, bautizos, bodas y funerales. A veces está llena de vida, pero normalmente está tristemente desierta. Acoge a muchos ancianos y a pocos jóvenes. No solo pasa en las parroquias, dicho sea de paso. También los movimientos, que en los años 70-80 supusieron una especie de punta de diamante eclesial, en los últimos años están aquejados de cansancio y reflujo. El Papa ha señalado en varias ocasiones los límites de ciertas impostaciones excesivamente carismáticas y comunitarias, poco atentas a la libertad de la persona. Los reclamos del Papa corrigen, trazan un camino, indican modalidades a través de las cuales el carisma de los fundadores se puede renovar, y no repetir mecánicamente. Francisco ha demostrado así que sigue creyendo en la fecundidad y utilidad de los movimientos en la Iglesia de hoy. En los movimientos de dimensión “laical” en la Iglesia ha mostrado que pueden alcanzar una auténtica madurez, hasta el punto de desarrollar un testimonio cristiano adulto y creativo dentro de las escuelas, universidades y lugares de trabajo. Ámbitos tradicionalmente lejanos del horizonte de las parroquias.

La polaridad entre parroquias y movimientos, entre la dimensión familiar de la estabilidad territorial y la externa propia de los ámbitos de estudio y trabajo, puede constituir por tanto un factor fundamental en la vida de la Iglesia del tercer milenio. Con este propósito, la experiencia de los movimientos, aparte de corregida, debe ser también paternal e inteligentemente sostenida por la autoridad eclesial.

Lee también: «El Papa tiene muy claro que la cristiandad se ha acabado«

La tercera polaridad que debe guiar la presencia de la Iglesia hoy es la que se da entre Occidente y no-Occidente. Respecto a América del Sur y África, Occidente presenta una tasa de secularización mucho más alta. El Papa, en sus años de pontificado y en sus viajes, ha privilegiado justamente por esto a las periferias del mundo. No solo por una atención preferencial hacia los pobres, sino también porque las periferias se muestran claramente más receptivas ante el mensaje cristiano. De esta manera, el “centro” del cristianismo se ha desplazado a los bordes. Aquí también rige la ley de la polaridad. El viejo mundo parece secularizado, senil con su fe de museo, aquejado por un pasado que denigra continuamente. Sin embargo, esta no es una buena razón para abandonarlo a su suerte. Allí donde mayor es el desafío, se mide la fuerza o no de la atracción cristiana. Los jóvenes de hoy, en Europa y en EE.UU, ya no son cristianos tibios. Son nuevos paganos que poco o nada saben de la fe cristiana. Occidente tiene una larga y rica historia de fe, pero esta yace sepultada, oculta bajo los miles de escombros de la historia. Para sacarla a la luz, para mostrarla como un tesoro precioso para la existencia actual, hacen falta dos condiciones señaladas previamente: una formación espiritual-intelectual capaz de reactualizar el pasado de forma nueva y una experiencia viva de la fe, personal y comunitaria, capaz de generar testimonios humanamente creíbles.

De este modo, las tres parejas polares que hemos señalado –dialéctica entre cultura y praxis, entre movimientos y parroquias, entre Occidente y no-Occidente– perfilan un camino que permite trazar el rostro de la “Católica” al principio del nuevo milenio. La Iglesia ha sabido estos años, bajo la guía del Papa, contener el reflujo de un movimiento conservador que soplaba con fuerza al otro lado del Atlántico. Ahora necesitamos dar forma a la parte positiva contenida en la Evangelii gaudium, a la centralidad del kerygma y del testimonio. El tiempo de los escándalos no ha pasado, las heridas siguen y seguirán sangrando, pero la Iglesia no puede replegarse sobre sus propias llagas. Debe confesar sus pecados, castigar a los culpables y volver a proponer el rostro misericordioso de Cristo al mundo de hoy. Empezando por el secularizado.

 

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