Nuove traduzioni portoghese e spagnola per “Le chiese vuote e l’alibi della secolarizzazione”

L’articolo “Le chiese vuote e l’alibi della secolarizzazione”, apparso su L’Osservatore romano” lo scorso 15 maggio, è stato tradotto in portoghese dal sito brasiliano www.ihu.unisinos.br, espressione dell’Instituto Humanitas Unisinos – IHU di São Leopoldo-Porto Alegre (nella foto l’Università Unisinos), e in spagnolo sul sito PáginasDigital.es. Riporto i testi.

 

www.ihu.unisinos.br, 20 maggio 2021, As igrejas vazias e o álibi da secularização. Artigo de Massimo Borghesi

 

“Conformismo e maniqueísmo, esses são os dois polos do catolicismo atual. Diante dessa perspectiva, não é surpreendente o progressivo esvaziamento das igrejas e a distância que separa os jovens da fé”.

A opinião é de Massimo Borghesi, professor de Filosofia Moral na Universidade de Perugia, na Itália, em artigo publicado por L’Osservatore Romano, 15-05-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O debate suscitado por Giorgio Gawronski no L’Osservatore Romano, com o seu artigo do dia 22 de fevereiro, intitulado “As igrejas vazias e o humanismo integral”, é uma das poucas discussões interessantes que agitam atualmente o pensamento católico.

Retomado por outras intervenções (G. De Rita, “Le sfide della Chiesa di fronte all’era dello Spirito”, 13-03; L. Brunelli, “Le chiese vuote e la fantasia di Dio”, 10-04; A. Piva, “Vuote le piazze, vuote le chiese”, 24-04; M. Matzuzzi, “Cristiani senza Cristo”, Il Foglio, 01-05), ele levanta o problema evocado pelo título: por que as igrejas estão vazias e tendem a se tornar cada vez mais vazias?

“Na Itália – escreve Gawronski – os ‘praticantes’ caíram em 10 anos de 33% para 27%; entre os jovens (18-29 anos), os praticantes são apenas 14% e continuam caindo quase 3% ao ano.”

Do que depende essa desafeição que atinge a Europa e o mundo economicamente desenvolvido, e muito menos a África, a América Latina, as Filipinas?

Conhecemos as motivações habituais: a secularização, o consumismo, o relativismo ético etc. A estas, os tradicionalistas e os setores conservadores da Igreja acrescentam as críticas ao Concílio Vaticano II e ao seu representante atual, o Papa Francisco, cujo pecado residiria em ter afastado a doutrina da reta tradição.

Do lado oposto, os progressistas culpam pelo afastamento dos fiéis a Igreja “imóvel”, firme no celibato dos padres, na moral sexual fechada, no machismo eclesiástico. Trata-se de assuntos que, tanto à direita quanto à esquerda, não convencem. São mais justificações do que explicações.

Como escreve Gawronski, “estatisticamente, nem as Igrejas mais ‘modernas’, nem as mais ‘conservadoras’ obtêm resultados satisfatórios”. Isso significa que a atual crise da fé no Ocidente certamente não pode ser imputada ao Concílio, nem se pode pensar que a sua resolução esteja em um Vaticano III.

Como bem escreve Lucio Brunelli, “a crise das ‘igrejas vazias’ vem de longe, começa quando as igrejas estavam cheias. (…) A Igreja dos anos 1950 era uma Igreja militante, dura na doutrina, influente na vida política. Porém, com exceção de um respeito exterior ainda pelas formas e convenções sociais, ela não capturava mais os corações e as mentes de grande parte das gerações mais jovens. A prática religiosa ainda se mantinha, mas era como um andaime sem ganchos sólidos no chão. Basta uma sacudida e ele cai. O vento de 1968 levou embora da Igreja, de um golpe só, uma geração de filhos inquietos. O advento de um novo poder consumista ‘que ri do Evangelho’ – como profetizava Pasolini nos anos 1970 – pareceu fazer desaparecer como neve ao sol, em pouco mais de uma década, todo um tecido popular cristão, ligado a uma Itália rural, que demorou séculos para se formar”.

Matzuzzi relata, a esse respeito, as palavras do cardeal Wimeijk, arcebispo de Utrecht: “Tínhamos um excesso de sacerdotes, ordens religiosas, congregações. Muitos missionários no mundo provinham da pequena Holanda. Mas logo se entendeu que os fundamentos daquela orgulhosa coluna católica eram muito menos sólidas do que pareciam”.

Isso significa que o cristianismo “tradicional” dos anos 1950 apresentava graves carências. Não se explica de outra forma a velocidade da sua liquidação diante do desafio da modernização que ocorreu na Europa principalmente a partir dos anos 1960.

Aquele cristianismo se fundamentava em dois pilares: a aceitação passiva do dogma e uma doutrina moral limitada, em sua maior parte, à questão sexual. Quando o american way of life irrompeu, com a sua visão liberal da vida, o mundo católico estava decisivamente despreparado.

Acostumado, desde a Contrarreforma, a se conceber em uma posição de defesa, em grande parte incapaz de desenvolver um debate crítico com o moderno, ele se encontrou deslocado pelo modernismo estadunidense, em relação ao qual a Igreja Católica pareceu repentinamente antiquada, um resquício de tempos passados.

La dolce vita, de Fellini, é de 1960 e representa bem o momento de passagem, o fosso geracional entre as duas Itálias, a do passado e a do futuro. Qual era o limite da Igreja e do cristianismo daquela época? Acima de tudo, o da sua cultura, a neoescolástica dominante nos seminários e nas faculdades pontifícias, um pensamento marcado por uma atitude antimoderna radical, hostil ao quadro das liberdades, acompanhado por uma teologia dogmática desprovida de uma antropologia teológica. Era o tempo em que a teologia olhava com desconfiança para as categorias de “experiência” e de “sentido religioso”.

Abaladas pela polêmica antimodernista, por causa da sua formulação inadequada, elas deixavam um vazio, o de uma visão do ser humano aberta ao sobrenatural. A neoescolástica, o neotomismo do século XX, concebia o humano, assim como o Iluminismo, como um bloco autônomo, fechado, ao qual a graça se somava como um meteorito.

A consequência era o temor diante do mundo secularizado, percebido como antropologicamente estranho e inimigo. A ponte entre o dogma e o humanismo “ateu” parecia impossível.

O resultado era que a psicologia “cristã” se mantinha de pé enquanto as portas da Igreja permaneciam fechadas. Toda saída era paga com crises internas, concessões, fugas.

A grande crise que se seguiu aos anos do pós-Concílio não depende de colapsos repentinos, mas sim dos limites da cultura católica. O progressismo pós-conciliar é o exato inverso do tradicionalismo anterior, é o seu molde invertido e só pode ser explicado a partir dos limites da cultura neoescolástica.

Diante do êxodo de centenas de milhares de cristãos, que encontraram no marxismo o seu ponto de desembarque, a resposta mais significativa por parte da Igreja não veio dos setores tradicionalistas, dos opositores ao Concílio, mas dos novos movimentos eclesiais que então demonstraram, em um clima fortemente hostil, que não desposavam a reação conservadora, mas interceptavam as esperanças e as expectativas dos jovens mais distantes, daqueles que não provinham das famílias católicas ou das paróquias.

Esse encontro foi possível não só graças às personalidades carismáticas dos fundadores, mas também porque a proposta cristã dirigida aos jovens recordava, como afirma Gawronski no seu artigo, a dinâmica da Igreja dos primeiros séculos: a do testemunho pessoal e comunitário, da participação em uma experiência de humanidade renovada, capaz de investir sobre a realidade e a história. “Como ocorria nos primeiros séculos”, escreve Brunelli.

De fato, os movimentos eclesiais representaram, pelo menos até os anos 1990. uma grande esperança, um sinal de vitalidade e de juventude para um cristianismo à deriva, rejeitado pelo messianismo político e sectário do pensamento de 1968. Depois, o vento da restauração, após 1989 e a queda do comunismo, novamente deu um nó no novelo. A Igreja como um todo voltou a se blindar, amedrontada diante de uma secularização cada vez mais arrogante, a fechar novamente as portas.

Evangelização e promoção humana, os dois polos da Evangelii nuntiandi, de Paulo VI, se perderam pelo caminho. No lugar da evangelização, encontramos as “batalhas” éticas centradas na luta contra o aborto, a eutanásia, o casamento gay, enquanto, no lugar da promoção humana, encontramos uma aquiescência total ao modelo capitalista e um esquecimento profundo da doutrina social da Igreja. Conformismo e maniqueísmo, esses são os dois polos do catolicismo atual.

Diante dessa perspectiva, não é surpreendente o progressivo esvaziamento das igrejas e a distância que separa os jovens da fé. Por que um jovem de hoje deveria se sentir atraído por uma posição que se qualifica apenas por um campo restrito de batalhas ético-culturais? Um jovem que, lembramos, está a anos-luz do militante comprometido dos anos 1970.

O que falta ao catolicismo atual, também e sobretudo ao catolicismo comprometido, é a categoria de “encontro”. Uma categoria que atravessa e supera a distinção entre direita e esquerda, e que permite ir diretamente ao coração do humano.

Como a Igreja pode alcançar esse “coração” hoje? Essa é a pergunta que deve ser feita diante do espetáculo das igrejas ocupadas apenas pelos idosos. Respondendo a ela, o Papa Francisco afirmou, no dia 13 de setembro de 2018: “A teologia, de fato, não pode ser abstrata – se fosse abstrata, seria ideologia –, porque nasce de um conhecimento existencial, nasce do encontro com o Verbo feito carne! A teologia, então, é chamada a comunicar a concretude do Deus-amor. E a ternura é um bom ‘existencial concreto’, para traduzir nos nossos tempos o afeto que o Senhor alimenta por nós. Hoje, de fato, focamo-nos menos no conceito ou na prática do que no passado, e mais no ‘sentir’. Isso pode não agradar, mas é um fato: parte-se daquilo que se sente. A teologia certamente não pode se reduzir ao sentimento, mas também não pode ignorar que, em muitas partes do mundo, a abordagem às questões vitais não começa mais pelas perguntas últimas ou pelas exigências sociais, mas por aquilo que a pessoa sente emocionalmente”.

Aqui o papa faz uma afirmação de grande importância: “A abordagem às questões vitais não começa mais pelas perguntas últimas ou pelas exigências sociais, mas por aquilo que a pessoa sente emocionalmente”. Como se quisesse dizer que a linha de onda ao longo da qual o cristianismo pode encontrar o mundo não é mais a linha filosófica dos anos 1950, marcados pelo existencialismo e pelas perguntas sobre o sentido da vida, nem a política dos anos 1970, marcados pelo compromisso militante e ideológico do marxismo, mas encontra a sua possibilidade em uma sensibilidade nova que caracteriza a hora presente.

Esse é um juízo histórico que motiva a insistência com que Francisco fala da ternura de Deus. O ser humano de hoje, na sua fragilidade, é particularmente receptivo à dimensão afetiva. No “mundo sem laços”, na sociedade líquida, o tema do sentido da vida não representa a conclusão de um raciocínio lógico, mas sim o resultado da descoberta de se sentir amado, queridos.

Hoje, são chamados a essa responsabilidade “afetiva”, in primis, os presbíteros e os religiosos, homens e mulheres. As igrejas estão vazias quando os pastores, em vez de sê-lo, são burocratas, funcionários, empregados. O problema da Igreja atual é que muito frequentemente ela carece de pastores, de pessoas que amam a Cristo e compartilham a vida daqueles que lhes são confiados.

A partir desse ponto de vista, a secularização representa o álibi que esconde o vazio de fé e de ternura, a distância entre as palavras muitas vezes altissonantes e melífluas das homilias, e a proximidade real capaz de saudações e de gestos. Onde o pastor é um homem de Deus que se faz tudo para todos, lá as igrejas milagrosamente voltam a estar cheias. O ser humano atual, o jovem de hoje, não perdeu o senso do amor divino.

 

Páginasdigital.es, 25 maggio 2021, Iglesias vacías y la excusa de la secularización, (Massimo Borghesi)

 

Allí donde el pastor es un hombre de Dios que se entrega totalmente, las iglesias vuelven milagrosamente a llenarse. El hombre de hoy, el joven de hoy, no ha perdido el sentido del amor divino.

 

El debate suscitado por Giorgio Gawrosnski en L’Osservatore Romano, con un artículo publicado el pasado 22 de febrero bajo el título “Las iglesias vacías y el humanismo integral”, constituye una de las pocas discusiones interesantes que agitan actualmente al pensamiento católico.

Varios medios italianos lo han citado, evocando el problema que plantea ya en el título: ¿por qué las iglesias están vacías y tienden a vaciarse cada vez más? “En Italia –escribe Gawronski– los practicantes han descendido en diez años del 33% al 27%; entre los jóvenes (18-29 anni) solo el 14% se considera practicante, un porcentaje que sigue cayendo casi un 3% al año”. ¿A qué se debe esta desafección que sufre Europa y el mundo económicamente desarrollado, y mucho menos África, América Latina o Filipinas?

Los motivos habituales ya los conocemos: secularización, consumismo, relativismo ético, etcétera. A todo ello, los tradicionalistas y los sectores conservadores de la Iglesia añaden las críticas al Concilio Vaticano II y a su representante actual, el papa Francisco, cuyo pecado residiría en haber alejado la doctrina de la recta tradición. En el lado opuesto, los progresistas atribuyen el alejamiento de los fieles a una Iglesia “inmóvil”, firme en el celibato de los sacerdotes, en una moral sexual cerrada y en la masculinidad eclesiástica. Se trata de argumentos, a derecha e izquierda, que no convencen. Más justificaciones que explicaciones. Como dice Gawronski, “estadísticamente no obtienen resultados satisfactorios ni las iglesias más modernas ni las más conservadoras”. Lo que significa que la crisis actual de la fe en Occidente no se puede imputar al concilio, ni se puede pensar que su resolución pase por un Vaticano III. Como dice Lucio Brunelli, “la crisis de las iglesias vacías viene de lejos, empezó cuando las iglesias estaban llenas… La de los años 50 era una iglesia militante, de doctrina dura, influyente en la vida política. Pero, salvo un respeto exterior a las formas y convenciones sociales, ya no conquistaba los corazones ni las mentes de gran parte de las generaciones jóvenes. La práctica religiosa aún se mantenía, pero de manera parecida a un andamio sin anclajes sólidos sobre el terreno. Basta una sacudida para que se venga abajo. El viento del 68 arrancó de golpe a la Iglesia una generación de hijos inquietos. La llegada de un nuevo poder consumista “que se ríe del Evangelio”, como profetizaba Pasolini en los años 70, pareció disolver como nieve al sol, en poco más de una década, todo un tejido popular cristiano ligado a la Italia rural que costó siglos formar”. Matzuzzi recordaba en este sentido las palabras del cardenal Wimeijk, arzobispo de Utrecht: «Teníamos sobreabundancia de sacerdotes, órdenes religiosas, congregaciones. Muchos misioneros del mundo procedían de la pequeña Holanda. Pero enseguida se vio que los fundamentos de aquella orgullosa columna católica eran mucho menos sólidos de lo que parecía”.

Eso significa que el cristianismo “tradicional” de los años 50 presentaba graves carencias. No se explica de otro modo la velocidad de su liquidación ante el desafío de la modernización que se da en Europa sobre todo a partir de los años 60. Ese cristianismo se apoyaba en dos pilares: la aceptación pasiva del dogma y una doctrina moral limitada, como mucho, a la cuestión sexual. Cuando irrumpió el estilo de vida americano, con su visión liberal de la vida, el mundo católico no estaba preparado. Acostumbrado, desde la Contrarreforma, a concebirse en una posición defensiva, ampliamente incapaz de desarrollar una confrontación crítica con lo moderno, se vio desplazado por el modernismo americano, frente al cual la Iglesia católica parecía de pronto anticuada, como un residuo de tiempos pasados.

La dolce vita de Fellini es de 1960 y muestra muy bien ese momento de tránsito, esa distancia generacional entre dos Italias, la del pasado y la del futuro. ¿Cuál era el límite de la Iglesia y del cristianismo de entonces? Ante todo el de su cultura, la neoescolástica dominante en los seminarios y facultades pontificias, un pensamiento marcado por una actitud radicalmente antimoderna, hostil al marco de libertades, acompañado por una teología dogmática carente de una antropología teológica. Eran los tiempos en que la teología miraba con sospecha las categorías de “experiencia” y de “sentido religioso”.

Llevadas por la polémica antimodernista, a causa de una formulación inadecuada, dejaban un vacío, el de una visión del hombre abierta a lo sobrenatural. La neoescolástica, el neotomismo del siglo XX, concebía lo humano, al igual que la Ilustración, como un bloque autónomo, cerrado, al que la gracia se añadía como si fuera un meteorito. La consecuencia era el miedo ante un mundo secularizado, percibido como antropológicamente extraño y enemigo. El puente del dogma al humanismo “ateo” parecía imposible. El resultado era que la psicología “cristiana” se mantenía mientras las puertas de la iglesia seguían cerradas. Cada salida se pagaba con crisis internas, cesiones, fugas. La gran crisis que siguió a los años del post-concilio no depende de derrumbes inesperados sino de los límites de la cultura católica. El progresismo post-conciliar es justo lo contrario al tradicionalismo precedente, su cara opuesta, y solo puede explicarse a partir de los límites de la cultura neoescolástica.

Frente al éxodo de cientos de miles de cristianos, que encontraron en el marxismo su punto de apoyo, la respuesta más significativa por parte de la Iglesia no llegó desde sectores tradicionalistas, de los opositores al concilio, sino de los nuevos movimientos eclesiales, que demostraron entonces, en un clima fuertemente hostil, que no casaban con las reacciones conservadoras y que eran capaces de interceptar las esperanzas y expectativas de los jóvenes más alejados, que no procedían de familias católicas ni de parroquias. Un encuentro que hizo posible no solo la personalidad carismática de sus fundadores sino que la propuesta cristiana que ofrecían a los jóvenes recordaba, como afirma Gawronski en su artículo, la dinámica de la Iglesia de los primeros siglos: el testimonio personal y comunitario, la participación en la experiencia de una humanidad renovada, capaz de incidir en la realidad y en la historia. “Como pasaba en los primeros siglos”, escribe Brunelli.

De hecho, los movimientos eclesiales representaron, al menos hasta los años 90, una gran esperanza, un signo de vitalidad y juventud para un cristianismo a la deriva, rechazado por el mesianismo político y sectario del pensamiento del 68. Luego los vientos de la restauración, que siguieron a 1989 y a la caída del comunismo, reunió de nuevo la madeja. La Iglesia en su conjunto volvió a blindarse, atemorizada ante una secularización cada vez más arrogante, cerrando nuevamente sus puertas. Evangelización y promoción humana, los dos polos de la Evangelii nuntiandi de Pablo VI, se perdieron por el camino. En vez de evangelización encontramos “batallas” éticas centradas en la lucha contra el aborto, la eutanasia, el matrimonio gay, mientras que en lugar de promoción humana nos topamos con una aquiescencia total con el modelo capitalista y un profundo olvido de la doctrina social de la Iglesia. Conformismo y maniqueísmo, los dos polos del catolicismo actual. Frente a esta perspectiva, no sorprende el progresivo vacío de las iglesias y la distancia que aleja a los jóvenes de la fe. ¿Por qué a un joven de hoy le iba a atraer una postura que solo se define por un campo restringido de batallas ético-culturales? Un joven que, recordemos, está a años luz del militante comprometido de los años 70.

Lo que le falta al catolicismo actual, incluso y sobre todo al comprometido, es la categoría del “encuentro”. Una categoría que atraviesa y supera la distinción entre derecha e izquierda, y que permite ir directamente al corazón de lo humano. ¿Cómo puede llegar hoy la Iglesia a ese “corazón”? Esta es la pregunta que hay que plantearse ante el espectáculo de las iglesias pobladas solo de ancianos. Para responderla, el papa Francisco afirmaba el 13 de septiembre de 2018: “La teología, de hecho, no puede ser abstracta — si fuera abstracta sería ideología— porque surge de un conocimiento existencial, nacido del encuentro con el Verbo hecho carne. La teología está llamada, pues, a comunicar la concreción del Dios amor. Y la ternura es un buen ‘existencial concreto’, para traducir en nuestros tiempos el afecto que el Señor nutre por nosotros. Hoy, efectivamente, nos concentramos menos que en el pasado en el concepto o en la praxis y más en el ‘sentir’. Puede no gustar, pero es un hecho: se parte de lo que sentimos. La teología ciertamente no puede reducirse al sentimiento, pero tampoco puede ignorar que, en muchas partes del mundo, el enfoque de cuestiones vitales ya no parte de las últimas cuestiones o de las demandas sociales, sino de lo que la persona advierte emocionalmente”.

El Papa hace aquí una afirmación muy relevante: “el enfoque de cuestiones vitales ya no parte de las últimas cuestiones o de las demandas sociales, sino de lo que la persona advierte emocionalmente”. Es decir, que la línea de fondo que permite al cristianismo encontrarse con el mundo ya no es la filosófica de los años 50, marcados por el existencialismo y las preguntas sobre el sentido de la vida, ni la política de los años 70, marcados por el compromiso militante e ideológico del marxismo, sino que encuentra su posibilidad en una sensibilidad nueva que caracteriza el momento presente.

Este es un juicio histórico que motiva la insistencia con que Francisco habla de la ternura de Dios. El hombre actual, con su fragilidad, es especialmente receptivo a la dimensión afectiva. En un “mundo sin vínculos”, en una sociedad líquida, la cuestión del sentido de la vida no supone la conclusión de un razonamiento lógico sino el resultado del descubrimiento de sentirse amados, queridos. A esta responsabilidad “afectiva” están llamados hoy en primer lugar los presbíteros y religiosos, hombres y mujeres. Las iglesias se vacían cuando los pastores dejan de serlo y se convierten en burócratas, funcionarios, empleados. El problema de la Iglesia actual es que carece demasiadas veces de pastores, de personas que amen a Cristo y compartan la vida de aquellos que les son confiados. La secularización representa, desde este punto de vista, una excusa que esconde la falta de fe y de ternura, la distancia entre las palabras de las homilías, tantas veces altisonantes y melifluas, y una proximidad real, capaz de gestos y abrazo. Allí donde el pastor es un hombre de Dios que se entrega totalmente, las iglesias vuelven milagrosamente a llenarse. El hombre de hoy, el joven de hoy, no ha perdido el sentido del amor divino.

L’Osservatore Romano

 

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